Mulheres
em moedas romanas
Quando
estudamos moedas romanas e sua imagética, ou simplesmente somos espectadores em
museus podemos observar várias amoedações com o busto de imperadores. Isso era
uma prática comum na antiguidade, ou seja, cunhar a imagem do governante. Essa
prática tinha o objetivo de fazer uma espécie de propaganda do imperador, de
glorificar seus atos, vitórias e também homenagear divindades.
Acreditamos
também que fosse uma maneira de legitimar o seu poder, tanto que até mesmo
usurpadores cunharam moedas após tomarem o poder em certas regiões no Império
Romano. Legitimava pois as moedas eram cunhados com o busto do imperador, seu
nome e título como por exemplo: DN VALENTINI ANVS PF AVC, ou seja, DN, dominus
(senhor), VALENTINI que no caso seria o nome do imperador Valentiniano I (364 –
375 d.C).
Esse
tipo de cunhagem com o busto e o nome do imperador mostrava para a população
quem estava à frente do poder. No entanto, o que dizer de mulheres retratadas
em amoedações?
Como
dito anteriormente, em algumas moedas havia homenagens à divindades, muitas
delas eram mulheres. Uma em especial era muito utilizada em moedas, a deusa
Vitória, ou Niké na tradição grega.
Na moeda
observamos a figura do imperador Valentiniano I acompanhado da deusa Vitória
(ou Niké) coroando- o. Fonte: Museu de Belrim
No
entanto muitas vinham com imagens de mulheres que não eram divindades. Muitas
delas eram esposas, mães e filhas de imperadores, como por exemplo; Gala
Placídia, Helena (mãe de Constantino e santa católica), Fausta, Eudóxia. Abaixo
podemos observar uma moeda com o busto de Gala Placídia que foi cunhada no
período em que Honório (seu irmão) estava à frente do poder imperial.
Anverso:
D N GALLA PLA-CIDIA P F AVG
Reverso: SALVS REI-PVBLICAE
Fonte: Museu de Berlim
Eram
mulheres que foram homenageadas por homenagear, pelo simples fato de serem
esposas, mãe ou filhas? Ou tiveram alguma importância política. Sabemos que
Gala Placídia teve importância política pois se colocou como moeda de troca
pela paz de Roma. Rafaela Rocio Gomes de Abreu faz um estudo a partir dos
textos de Paulo Orósio[1]
onde fala sobre Gala Placídia e a imagem de penhor especial. Segundo Rocio, “Placídia
viveu do final do século IV até a metade do século V, era neta de Valentiniano
I, filha de Teodósio, o Grande, e meia-irmã do imperador Honório. Casou-se com
Ataúfo e assim tornou-se rainha dos visigodos, posteriormente selou matrimônio
com o imperador romano Constâncio, e desta união gerou um filho, o imperador
Valentiniano III. Durante a mocidade foi efetivamente imperatriz de Roma, por
direito próprio como uma Augusta oficial. Quando da morte de seu marido
Constâncio e posteriormente de seu irmão Honório controlou a política do
Império Romano do Ocidente em nome de seu filho Valentiniano III, que fora
imperador aos seis anos. A fascinante Augusta possuía ligações mais do que
evidente com a política do Império por pertencer a casa teodosiana, mas, além
disso, sua imagem representou características distintas entre seus
contemporâneos bárbaros ou romanos. A primeira vista, em muitos aspectos, a
vida de Gala Placídia pode parecer tomar um papel secundário na história
imperial, no entanto uma análise mais profunda permite deslumbrar o quão
intrínseco a sua figura estava nos acontecimentos do início do século V. Quando
o Império passava por dificuldades para se defender, Placídia fora uma das
vítimas e permaneceu como cativa dos bárbaros.”
Quando
estudamos amoedações da Antiguidade geralmente nos atemos somente a figura do
imperador e sua importância política, deixando em segundo plano várias figuras femininas
que tiveram efetivo destaque em vários período da história romana.
Neste
texto nos atemos a figura de Gala Placídia mas porteriormente pretendemos falar
sobre outras figuras femnininas do contexto romano, principalmente
tardo-antigo.
Para
saber mais:
ABREU,
Rafaela Rocio Gomes. http://www.historia.ufpr.br/monografias/2011/1_sem_2011/rafaela_rocio_gomes_abreu.pdf
CARLAN,
Claudio Umpierre, RABÊLO, Lalaine. Período valentiniano e os aspectos político-
religiosos: as moedas como fonte. http://www.nepam.unicamp.br/arqueologiapublica/revista/anais/antiguidade-aqueologia-e-poder/PDFs/arquivo7.pdf
Museu
de Berlim: <http://ww2.smb.museum/ikmk/tablett.php?type=text&start=0&page=1>
Em
2010 o Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real, Portugal, trouxe a
exposição “As mulheres nas moedas romanas”. Veja mais em: <http://museu.cm-vilareal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=83%3Aexposicao-qa-mulher-romana-nas-moedas-do-museuq&Itemid=38>
[1] Paulo Orósio, historiador
cristão, muito próximo do bispo Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho.