Religiosidade no Império Romano
Lalaine Rabêlo[1]
Com a expansão do Império Romano ao longo dos séculos, houve a inclusão
de várias religiões de povos conquistados, tais como os cultos à Isis, Mitra e
Cibele. Esta apropriação da cultura de outros povos revela o caráter diverso do
Império.
Ísis
Mitra
Por outro lado devemos destacar uma religião que foi ganhando vários
adeptos e se destacou ao longo dos anos no Império Romano; o cristianismo.
Com a
morte do Imperador Alexandre Severo, assassinado por seus soldados no ano de
235 d.C., tem início em Roma um período conhecido como a crise do século III.
Neste período, houve a Anarquia Militar (235 - 268 d.C.), em que os imperadores
eram nomeados por seus soldados, sendo assassinados logo depois.
Em outro
momento com Diocleciano (244 - 311) no poder, há o início de uma restauração em
vários campos, principalmente no político e econômico. Segundo Carlan, Diocleciano
teve como modelo as monarquias orientais, nas quais tudo o que cercava o rei
era considerado sagrado.
Já Constantino
continuou as reformas iniciadas por Diocleciano e obteve êxito nesta tarefa,
tanto que ficou no poder de 306 a 337. Algo
significativo, considerando que durante a anarquia militar, alguns imperadores conseguiam
permanecer no cargo por poucos dias.
Constantino
cultuava o deus Sol, quanto à sua conversão ao cristianismo, há divergências.
Funari
define essa suposta conversão de Constantino como um jogo político. Segundo o
autor, “o imperador Constantino concedeu aos cristãos, por meio do chamado
Edito de Milão, em 313, liberdade de culto. Em seguida, esse mesmo imperador,
procurou tirar vantagem e interveio nas questões internas que dividiam os
próprios cristãos e convocou um concílio, uma assembléia da qual participavam
os principais padres cristãos. Nos Concílios foram discutidos as diretrizes
básicas da doutrina cristã. Depois Constantino cuidou pessoalmente para que as
determinações do concílio fossem respeitadas, ou seja, passou a ter um controle
muito maior dos cristãos e suas idéias. Antes de morrer, o imperador resolveu
batizar-se também.
Paul
Lemerle destaca ainda que no que refere à história da administração de
Constantino, há um problema de fontes. O documento considerado mais importante
que trata das relações do Imperador com o cristianismo é Vida de Constantino, atribuída ao escritor cristão Eusébio de
Cesaréia. Porém, não é certo que este autor tenha realmente escrito a obra.
Deste modo, torna-se necessário lançar mão da arqueologia e da numismática,
pois através da iconografia podemos observar elementos que faziam parte do
cotidiano da sociedade romana e as relações de poder.
Com o
passar dos anos e com períodos de instabilidade política e econômica, a
religião oficial (o paganismo) não atendia às necessidades do povo, principalmente
as camadas mais baixas da população. Buscava-se conforto espiritual e o
cristianismo oferecia isso. Segundo Paul Lemerle:
O
Paganismo, tal como Augusto tinha tentado refazê-lo reviver, havia muito tempo
já não satisfazia as consciências inquietas. As religiões e as superstições do
oriente se haviam expandido por todo o império, onde conviviam e se confundiam
as crenças mais singulares, os ritos mais estranhos. Tendia-se para uma
religião desligada desse mundo decepcionante, que transferisse para o outro
mundo o objetivo e o fim da existência terrena. O monoteísmo atraía os melhores
espíritos.
Além de
Constantino, o século III e IV também conta com uma galeria de imperadores que
ora tolerava ora perseguia o cristianismo, sendo este aceito como religião
oficial somente no governo de Teodósio, o grande.
Para saber mais:
Imagens
Labirintos do ser
Disponível em: < http://labirintosdoser.blogspot.com/2011/12/hino-isis.html>
Último acesso em: 27 de janeiro
de 2012.
Textos de Internet
CARLAN, Cláudio
Umpierre; RABÊLO, Lalaine. Cultura e poder em Roma: o modelo da Antiguidade Tardia. Revista Eletrônica Antiguidade Clássica,
v.7, n.1, ano IV, 2011. Disponível em: <http://www.antiguidadeclassica.com/website/edicoes/setima_edicao/>
Último acesso em: 17 de julho de 2012.
Livros
CARLAN, Claudio Umpierre. Moeda e Poder em Roma: um mundo em transformação. Campinas ,
2007. Tese (Doutorado em História Cultural) – Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Estadual de Campinas.
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grécia e Roma: vida pública e vida
privada. Cultura, pensamento e mitologia, amor e sexualidade. 2ª ed. São Paulo:
Contexto, 2002.
FUNARI, Pedro Paulo. CARLAN,
Cláudio Umpierre. Arqueologia Clássica e
Numismática. Coleção Textos Didáticos n. 62. Campinas: Unicamp, 2007.
FUNARI, Pedro Paulo, SILVA, Maria
Aparecida de Oliveira, Orgs. Política e
identidades no mundo antigo. São
Paulo: Anablume, Fapesp, 2009.
LEMERLE, Paul. História de Bizâncio. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
[1] Graduanda (7º período) em História pela Universidade Federal de Alfenas e bolsista de iniciação
científica pela FAPEMIG.
E pra variar o povão desesperado pra "comprar" sua vaguinha no céu... A quanto tempo será que é assim não? Sabemos que faz mais de 2000 anos... ><
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