terça-feira, 17 de julho de 2012



Religiosidade no Império Romano
Lalaine Rabêlo[1]

Com a expansão do Império Romano ao longo dos séculos, houve a inclusão de várias religiões de povos conquistados, tais como os cultos à Isis, Mitra e Cibele. Esta apropriação da cultura de outros povos revela o caráter diverso do Império.

Ísis

Mitra
Por outro lado devemos destacar uma religião que foi ganhando vários adeptos e se destacou ao longo dos anos no Império Romano; o cristianismo.
Com a morte do Imperador Alexandre Severo, assassinado por seus soldados no ano de 235 d.C., tem início em Roma um período conhecido como a crise do século III. Neste período, houve a Anarquia Militar (235 - 268 d.C.), em que os imperadores eram nomeados por seus soldados, sendo assassinados logo depois.
Em outro momento com Diocleciano (244 - 311) no poder, há o início de uma restauração em vários campos, principalmente no político e econômico. Segundo Carlan, Diocleciano teve como modelo as monarquias orientais, nas quais tudo o que cercava o rei era considerado sagrado.
Já Constantino continuou as reformas iniciadas por Diocleciano e obteve êxito nesta tarefa, tanto que ficou no poder de 306 a 337. Algo significativo, considerando que durante a anarquia militar, alguns imperadores conseguiam permanecer no cargo por poucos dias.
Constantino cultuava o deus Sol, quanto à sua conversão ao cristianismo, há divergências. Funari define essa suposta conversão de Constantino como um jogo político. Segundo o autor, “o imperador Constantino concedeu aos cristãos, por meio do chamado Edito de Milão, em 313, liberdade de culto. Em seguida, esse mesmo imperador, procurou tirar vantagem e interveio nas questões internas que dividiam os próprios cristãos e convocou um concílio, uma assembléia da qual participavam os principais padres cristãos. Nos Concílios foram discutidos as diretrizes básicas da doutrina cristã. Depois Constantino cuidou pessoalmente para que as determinações do concílio fossem respeitadas, ou seja, passou a ter um controle muito maior dos cristãos e suas idéias. Antes de morrer, o imperador resolveu batizar-se também.
Paul Lemerle destaca ainda que no que refere à história da administração de Constantino, há um problema de fontes. O documento considerado mais importante que trata das relações do Imperador com o cristianismo é Vida de Constantino, atribuída ao escritor cristão Eusébio de Cesaréia. Porém, não é certo que este autor tenha realmente escrito a obra. Deste modo, torna-se necessário lançar mão da arqueologia e da numismática, pois através da iconografia podemos observar elementos que faziam parte do cotidiano da sociedade romana e as relações de poder.
Com o passar dos anos e com períodos de instabilidade política e econômica, a religião oficial (o paganismo) não atendia às necessidades do povo, principalmente as camadas mais baixas da população. Buscava-se conforto espiritual e o cristianismo oferecia isso. Segundo Paul Lemerle:
                                    O Paganismo, tal como Augusto tinha tentado refazê-lo reviver, havia muito tempo já não satisfazia as consciências inquietas. As religiões e as superstições do oriente se haviam expandido por todo o império, onde conviviam e se confundiam as crenças mais singulares, os ritos mais estranhos. Tendia-se para uma religião desligada desse mundo decepcionante, que transferisse para o outro mundo o objetivo e o fim da existência terrena. O monoteísmo atraía os melhores espíritos.
Além de Constantino, o século III e IV também conta com uma galeria de imperadores que ora tolerava ora perseguia o cristianismo, sendo este aceito como religião oficial somente no governo de Teodósio, o grande.

Para saber mais:

Imagens

Labirintos do ser  
Último acesso em: 27 de janeiro de 2012.

Textos de Internet

CARLAN, Cláudio Umpierre; RABÊLO, Lalaine. Cultura e poder em Roma: o modelo da Antiguidade Tardia. Revista Eletrônica Antiguidade Clássica, v.7, n.1, ano IV, 2011. Disponível em: <http://www.antiguidadeclassica.com/website/edicoes/setima_edicao/>
Último acesso em: 17 de julho de 2012.

Livros

CARLAN, Claudio Umpierre. Moeda e Poder em Roma: um mundo em transformação. Campinas, 2007. Tese (Doutorado em História Cultural) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grécia e Roma: vida pública e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia, amor e sexualidade. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2002.

FUNARI, Pedro Paulo. CARLAN, Cláudio Umpierre. Arqueologia Clássica e Numismática. Coleção Textos Didáticos n. 62. Campinas: Unicamp, 2007.

FUNARI, Pedro Paulo, SILVA, Maria Aparecida de Oliveira, Orgs. Política e identidades no mundo antigo. São Paulo: Anablume, Fapesp, 2009.

LEMERLE, Paul. História de Bizâncio. São Paulo: Martins Fontes, 1991.



[1] Graduanda (7º período) em História pela Universidade Federal de Alfenas e bolsista de iniciação científica pela FAPEMIG.


Um comentário:

  1. E pra variar o povão desesperado pra "comprar" sua vaguinha no céu... A quanto tempo será que é assim não? Sabemos que faz mais de 2000 anos... ><

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